Loteamento no Novo centro expõe segregação social e acentua discriminação

Enquanto a prefeitura concede habite-se para centenas de condomínios de grandes construtoras, alguns irregulares, trazendo milhares de pessoas para Santa Luzia, donos de grandes lotes no Bairro Novo Centro, querem barrar assentamento de Famílias vindas de ocupações em Contagem e BH.

Com o pano de fundo da desvalorização imobiliária, donos de loteamentos no Novo Centro (que ainda não é regularizado como Bairro, devido a embargos ambientais), querem impedir que a COHAB, dona do loteamento, assente cerca de 700 pessoas de ocupações da Região Metropolitana de BH. O Argumento é a desvalorização dos imóveis.

Movimento que já conta com apoio de 1.560 pessoas entre elas autoridades do Executivo e Legislativo, empresários (a grande maioria da capital, que comprou lotes na região buscando valorização), secretários, prefeito, imprensa luziense e pré candidatos a prefeito e vereador.

O Argumento do Movimento é que a cidade não conta com infra estrutura suficiente para receber estas famílias. Porém a Prefeitura de Santa Luzia Já liberou mais de 20 Habite-se a empreendimentos que juntos somam cerca de 800 unidades habitacionais. Só ai são mais de 4.000 novas famílias sendo instaladas na cidade sem a construção de nenhuma escola, posto de saúde ou modernização viária. Grande parte das construtoras não forneceram contra-partidas o que obrigou o Ministério Público a intervir. Mesmo assim a contribuição destes grandes empreendimentos é irrisória. Em Julho, foi exigido de uma das construtoras contra partidas pela liberação de vários condomínios e em vez de uma escola, posto de saúde, melhorias de vias, foi concedida uma caminhonete. Em Outro empreendimento a prefeitura exigiu um trator.

No Dia 07 de Julho, a construtora Precon questionou a exigência de nova contra partida exigida pelo Ministério Público e a Prefeitura para a Liberação de Habite-se do empreendimento Residencial Ville Toronto.

No fim do mês de Janeiro, o Prefeito Christiano Xavier, pediu "empenho" na Liberação de Habite-se para o empreendimento Villa Bella Lyon

Onze dias depois, a Prefeitura liberou Habite-se para o Empreendimento, mesmo detectando irregularidades em Vistoria. Só neste condomínio foram entregues 238 unidades habitacionais, o que pode significar a instalação de mais de 1.200 famílias. No local foram detectadas Fissuras, trincas e infiltrações.

São dezenas de empreendimentos liberados, muitos sem contra partidas e mesmo assim o que gerou revolta na população e abertura de abaixo assinado, foram a possibilidade de doação de um terreno que pertence à COHAB a 700 pessoas de Ocupações localizadas em Belo Horizonte e Contagem.

Abismo Social se acentua com postura da Prefeitura

Em vez de dialogar com a COHAB propondo soluções como a exigência de contra-partidas, parcerias para construção de um conjunto habitacional e delegar obrigações entre os municípios envolvidos (afinal o novo centro ainda nem existe fora do papel), o executivo criou projeto de lei barrando loteamentos (mas não novos empreendimentos) e o prefeito usou as redes sociais para defender o interesse de empresários que adquiriram lotes na região buscando sua valorização.

Nas Redes Sociais, o movimento criado por estes grupos, disseminam a informação de que a cidade não conta com infra-estrutura para receber estas famílias, que a responsabilidade pelo assentamento não é da cidade e a ação da COHAB tornaria o loteamento desvalorizado.

A ação do Executivo, incentivada por agentes políticos que insistem no distanciamento entre sede e distrito, propicia o isolamento social e acentua ainda mais a discriminação frente as áreas periféricas da cidade. Um usuário da página do Vitrine teceu a seguinte pérola durante um debate nas redes sociais:

"Acho certo. Pois ai cidade santa luzia vai ficar com fama que do tem gente de classe baixa. A maioria classe baixa tem fama de vagabundo". Segundo esta 'pessoa', periféricos tem fama de vagabundo.

Ex Secretário de Desenvolvimento Social e cidadania é contra

Na ação liderada pelo Prefeito de Santa Luzia, proprietários de terrenos no loteamento Novo Centro fizeram uma manifestação contra a instalação de famílias carentes vindas de ocupações na Região Metropolitana de BH.

Um fato bastante bizarro foi a participação no ato do Ex secretário de desenvolvimento social e Cidadania. Wander deveria ser o primeiro a levantar a bandeira dos mais carentes, mas estava reivindicando a valorização de seu próprio terreno. Mas não é uma surpresa, afinal, durante o mês de janeiro, a pasta deixou dezenas de famílias do bom destino expostas ao tempo e ao frio (muitas com crianças de colo) quando reivindicavam ajuda após perderem tudo com as chuvas de fim de ano.

Imóveis super Valorizados

Uma breve consulta no Google já demonstra o tamanho da preocupação de mutuários de terrenos na região. A questão não é só a falta de infra-estrutura, mas a valorização de áreas que chegam a valores de quase R$ 350.000,00 (Apenas o lote).

Não é um problema de Contagem ou Belo Horizonte, mas um abismo social que fica claro precisar ser resolvido em Santa Luzia.

Daniel Carlos é colunista do Vitrine Notícias

Autor: Daniel Carlos

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